Capítulo 9
Broke up
O tempo permanecia fechado naquela segunda de manhã. O colégio estava todo concentrado no auditório principal onde ocorreria o debate entre os candidatos a presidência do grêmio estudantil. Presentes ali estavam os alunos e professores, assim como o diretor. Os alunos lotavam o local não por seu enorme interesse em decidir um futuro presidente de classe, mas pelos inúmeros conflitos que costumavam surgir quando dois candidatos acabavam batendo de frente, o que nunca aconteceu com Penny, é claro que sempre fora muito educada em suas respostas e perguntas. Todos se posicionavam em seus lugares e na primeira fileira de cadeiras do auditório os participantes das chapas se acomodavam.
-Bom dia, alunos e professores. – O diretor saudou a todos – Fico feliz com o comparecimento sempre pontual e numeroso dos alunos para o debate entre os candidatos do grêmio. Hoje é mais um dos momentos antes das eleições onde vocês poderão avaliar qual candidato mais lhe agrada e votar com consciência para a melhor representação dos seus direitos como alunos. É com prazer que eu inicio o debate. – Ele sorriu e todos rapidamente aplaudiram. – Vamos começar com a reapresentação dos candidatos. – Ele sorriu. – Da direita para a esquerda temos os candidatos: John Hill. – Ele disse fazendo todos aplaudirem. – Adam Holiday. – Poucas pessoas aplaudiram. – Rebecca Montoya. – Novamente alguns aplausos foram ouvidos – E Penny Robinson. – Agora todos aplaudiam novamente. – Nós deixamos uma caixa com sugestão de perguntas e as sortearemos para cada candidato nesta ordem. – Ele explicou fazendo gestos com as mãos. Robert logo retirou de uma enorme caixa com cadeados um pedaço de papel sorteado. – Primeira pergunta para a senhorita Robinson: Quais seus principais projetos para a melhoria estrutural do colégio? – Ele perguntou. Penny respirou fundo e sorriu.
-Minha chapa quer continuar melhorando o colégio estruturalmente através de projetos já anteriormente lançados, porém agora melhorados, quero investir na troca dos armários, pois alguns já estão velhos, arrecadar dinheiro através dos bailes e eventos para comprarmos cadeiras mais confortáveis para termos um melhor desempenho em sala de aula, assim como reformar as salas e os locais de uso pessoal como os vestiários e banheiros. – Ela respondeu pontual e logo foi aplaudida.
-Agora a pergunta para o senhor Holiday: O que pensa sobre o tempo de intervalo? – Ele perguntou antes de soltar uma risadinha.
-Essa é moleza. – Ele disse com um sorriso amarelo. – Acho que é pouco, nós precisamos aumentar isso aí, ninguém merece ter apenas meia hora pra comer, ir ao banheiro, paquerar, beber uma água, dar um role no campo, dar em cima de uma gata e não ter um tempo de sobra pra descansar antes de voltar pra aula. – A resposta dele fez todos os alunos e até mesmo alguns professores rirem.
-Obrigado, senhor Holiday, seu interesse é instigante. – O diretor falou entre os dentes. – Senhorita Montoya, o que nos diz sobre os uniformes de líder de torcida? – Ele perguntou, mas logo balançou a cabeça em sinal negativo enquanto todos os alunos caíam na gargalhada.
-Acho eles demais. – Ela disse fazendo todos encararem-na com o cenho franzido. Robert apenas suspirou.
-Tudo bem... – Ele disse entre os dentes. – Senhor Hill. – Ele chamou John que sorriu enquanto algumas garotas gritavam seu nome. – O que acha sobre as atividades propostas pelo colégio? – Perguntou.
-Bom, eu admiro o quadro de honras e medalhas do colégio, assim como admiro a diversidade de atividades, o que nos da um campo amplo de escolhas. Isso é essencial, principalmente para nós que estamos no último ano, pois as extracurriculares certas podem pesar no nosso currículo para a faculdade. – Ele sorriu ao término de sua resposta.
-Muito bem, senhor Hill. – O diretor sorriu pra ele. – Bom, agora vamos para a rodada onde vocês podem vir ao microfone e perguntar diretamente ao candidato de sua escolha. – Rapidamente alguns alunos formaram fila para a rodada de perguntas diretas. Uma menina doce subiu ao palco. – Penny, eu queria saber qual a importância que as atividades de arte têm pra você. – Ela perguntou fazendo Penny sorrir leve e encarar John.
-Bom, eu acho as artes pontuais para o extravasamento das emoções e da criatividade dos alunos, elas nos permitem estar aonde quisermos e viajarmos para lugares só nossos. As artes nos permitem isso, e por isso eu simplesmente apoio e até acho que precisamos investir mais nisso. – Ela sorriu ao responder. John não pôde conter o sorriso também.
-John, você acha que é importante investir nos alunos estrangeiros? – Perguntou um rapaz.
-Claro que sim, afinal temos que ser amigáveis, isso nos lembra a política da boa vizinhança. – Ele sorriu. – Além disso, nós temos alunos brilhantes que vem de intercambio e nos ensinam muito no que diz respeito a cultura e a língua, então eu acho ideal investirmos nisso. – Ele respondeu.
-Você tem algum projeto pra isso? – Um outro garoto perguntou.
-Sinceramente não, mas essa pergunta me fez perceber que isso é algo para se trabalhar. – Disse.
-E você, Penny, estamos acostumados com suas promessas. São sempre as mesmas, o que tem de novo? – Perguntou o mesmo rapaz.
-Bom, eu compreendo sua frustração por ver projetos parecidos, mas o importante é quando os projetos são postos em prática e é isso o que eu tenho não somente buscado, mas feito nesses três anos em que tive o privilégio de ser presidente. – Ela respondeu num tom firme que lhe rendeu longos aplausos.
-Isso aí, Penny! – Ela ouviu um grito vindo da plateia e acenou para todos com um enorme sorriso.
-Agora, conforme o nosso regulamento, os candidatos com maior número de votos vão fazer um debate entre eles, onde ambos farão respostas um para o outro. – Ele disse. Logo Penny e John se posicionaram ficando frente a frente.
-John, qual a sua posição no que diz respeito a importância do grêmio? – Ela perguntou pontual.
-Bom, Penny, certamente é importante que os alunos sejam bem representados. – Ele disse seco.
-Não acha que isso já estava acontecendo nesses três anos em que sou presidente de turma? – Ela perguntou.
-Não. – Ele disse sem dar importância. Logo Penny franziu o cenho. – Me desculpe, mas acho que o grêmio precisa de mais do que uma candidata que só pensa em si mesmo. – John disse lendo seu papel em mãos. Não fora ele quem escreveu aquilo, e sim seus parceiros de chapa e ele era obrigado a levar em consideração os pontos de todos. Não era assim, nunca diria isso e estava se odiando tendo que dizer. Por mais irritado que estivesse com Penny naquele momento nunca falaria tais coisas, sabia o quanto era importante pra ela vencer e respeitava isso. – Vai me dizer que não é verdade que o que te importa é conseguir vencer pra ir pra faculdade e por isso alguns de seus projetos nunca foram verdadeiramente levados a frente como, por exemplo, as tais mudanças dos armários. – Disse.
-Não é tão simples assim. Nem todos os projetos que fazemos são aprovados pelo diretório acadêmico e pelo diretor, por isso estamos nos aperfeiçoando da melhor maneira possível. – Ela se explicou.
-E sobre sua resposta em relação as artes no colégio, eu quero perguntar: A quantas exposições de semana das artes do colégio você veio prestigiar os alunos que se envolvem e dão tudo de si para desenvolver projetos incríveis? – Ele disse fazendo-a ficar assustada.
-Bom... eu, eu... – Ela gaguejou e ele logo a cortou.
-Eu e minha chapa respondemos pra você: Nunca. – John disse sem encará-la diretamente. – Sua campanha é totalmente baseada na sua zona de conforto e no seu futuro. Se bem me lembro é isso que Cambridge exige para direito. Participação em atividades políticas do ensino médio. – Completou fazendo os olhos dela se encherem d’água.
-Pra quem disse que isso não era importante pra você como era pra mim, você está se saindo muito bem me atacando pra vencer. – Ela disse e logo voltou para seu lugar deixando algumas lágrimas lhe escorrerem pelo rosto.
-Obrigado senhores. – Disse o diretor enquanto John voltava para o seu lugar. – Cada um dos candidatos pode vir fazer suas considerações finais. – Ele disse. Os dois candidatos menos votados foram a frente e fizeram um discurso breve que renderam apenas algumas gargalhadas por parte do publico. John foi a frente finalmente.
-Eu quero agradecer a todos que tem demonstrado confiança em mim através das pesquisas e dizer que irei me empenhar para ser um bom presidente de turma para todos vocês. Espero poder continuar agradando e mostrando a vocês que meus projetos serão postos em prática da melhor maneira possível. Enfim, obrigado. – Ele disse e logo recebeu aplausos. Calmamente Penny se dirigiu ao púlpito e respirou fundo.
-Bom, primeiramente eu queria esclarecer as acusações feitas pelo meu concorrente. Eu estou sim pensando no meu futuro, mas não apenas isso. Penso no meu futuro tanto quanto penso em vocês e neste colégio. Eu amo esse lugar, e não é a toa. Eu vivo numa família perfeita que exige de mim ser a melhor em tudo, o que me tornou controladoramente competitiva. Aqui é o único lugar onde não me sinto pressionada, onde posso sentar e conversar, onde posso sorrir, contar piadas, ser quem eu sou. Esse lugar se tornou mais a minha casa do que a minha casa de verdade, e as pessoas do grêmio se tornaram a minha família. Eu quero melhorar esse lugar como gostaria de melhorar o meu quarto, quero agradar vocês como quero agradar meus pais e meus irmãos mais velhos. – Penny sorriu. – Eu espero que isso fique claro e que vocês possam novamente confiar em mim para me reeleger como sua presidente. Muito obrigada. – Ela disse e logo uma chuva de aplausos soou no auditório.
-Muito obrigado a todos. – Disse o diretor. – Encerramos assim o debate e agora podemos todos, alunos e professores retornar as aulas. – Ele disse e ouviu uma grande vaia vinda dos alunos. – Silêncio. – Pediu. Aos poucos todos os participantes do debate iam saindo do ginásio. John correu até Penny que o encarou com lágrimas nos olhos.
-Quero deixar claro que fui forçado a dizer aquelas coisas. – Ele disse fazendo-a rir ironicamente.
-Tudo bem, John, eu vou fingir que acredito. – Ela disse seca antes de lhe dar as costas, mas ele logo segurou seu braço fazendo-a se virar pra ele novamente.
-Por favor, acredite em mim, você sabe que eu nunca faria nada pra te magoar, você sabe que eu gosto de você demais pra isso. – Ele explicou fazendo a expressão dela se conformar um pouco.
-Eu sei. – Ela disse. – Tudo bem, olha, me desculpe é que você pegou pesado, mas acho que depois do modo como eu falei no dia daquela confusão eu até mereci que você me tratasse como sua adversária apenas, como eu fiz com você. – Ela sorriu torto.
-Nunca vou te ver como minha adversária, tem muita coisa que conta pra mim antes disso. – John sorriu.
-Você se saiu bem hoje, e está na frente nas pesquisas. – Penny sorriu sincera. – Bom trabalho. – Disse.
-Depois de hoje devem me achar um imbecil e você conquistou a todos com seu discurso final. – Ele sorriu.
-Penny! – Matthew disse se pondo atrás dela. John rapidamente fechou a cara num gesto irritado. – Que perfeito imbecil que você é, cara, se eu tivesse em cima do palco quebrava a sua cara pelas coisas que disse. – Ele falou diretamente pra John que franziu o cenho.
-Para, Matthew! – Disse Penny tentando se soltar dele para acalmá-lo.
-Não, meu amor, ninguém fala assim com a minha namorada e sai ileso. – Disse.
-E você vai me bater? – John perguntou antes de rir ironicamente com as mãos no bolso. – Como pode namorar um cara desses? – Perguntou.
-Ela tem bom gosto, Hill, e você realmente acha que ela me largaria pra ficar com você? – Matthew agora riu fazendo John partir pra cima dele. Rapidamente os dois estavam em meio a socos, atracados no chão enquanto Penny gritava por ajuda. Rapidamente alguns garotos apareceram e seguraram ambos. – Você é um babaca! – Matthew disse irritado enquanto sentia o sangue escorrer de seu nariz machucado.
-Já chega! – Penny disse irritada. – Matthew, eu não preciso da sua defesa, tá legal? E John, por favor vai embora. – Ela disse fazendo John franzir o cenho.
-Quer saber, ele está certo. – John disse fazendo Penny encará-lo. – Sou mesmo um idiota de pensar que você poderia ficar comigo. – Completou agora se soltando dos braços que tentavam controlá-lo. Ele caminhou até a saída do auditório dando uma corridinha. Penny tentou chamá-lo em vão e bufou. Ela se virou pra Matthew que sorria.
-Ele me machucou. – Disse irritado. – Mas tudo bem, meu amor, eu machuquei ele também. Vamos sair daqui, que tal irmos a um bom restaurante, não se esqueça que temos que listar as melhores faculdades de direito e economia do país, temos que mandar os nossos currículos pra todas, pra podermos escolher Cambridge e deixar as outras morrendo de inveja. – Ele riu fazendo Penny se irritar.
-Já chega. – Ela disse fazendo ele encará-la. – Eu não sou sua namorada, eu não sou seu amor, eu não quero sua defesa, e nem quero pensar no nosso futuro porque eu e você não temos futuro. Acabou. – Ela disse seca fazendo ele franzir o cenho.
-O que deu em você? – Ele perguntou confuso. – Nem parece a Penny que eu conheço. – Ele disse.
-É talvez você esteja certo, Matt, eu não sou mais essa garota, eu to cansada dessa pressão toda que você, meus pais e seus pais colocam nos meus ombros. Eu amo o grêmio, eu amo essa escola e estou fazendo isso por ela e não por mim mais. – Ela discursou fazendo-o rir irônico.
-Esse discurso pode colar em cima do palco, mas eu te conheço e sei que você realmente só quer isso pra poder passar pra faculdade. – Ele disse fazendo-a rolar os olhos.
-Você está errado. Não me conhece, nunca me conheceu, porque eu passei esses quatro anos com você fingindo ser quem eu não sou, sendo quem meus pais queriam, quem você queria, mas admita, Matthew, eu não sou a garota perfeita, não teremos um emprego e uma família perfeita, porque nada é perfeito, e eu acho que o melhor que eu tenho a fazer agora é viver um dia após o outro. – Ela disse fazendo-o gargalhar.
-Penn... – Ele chamou fazendo-a encará-lo. – Pare com isso, meu amor, vem cá, sei do que está precisando, você precisa distrair sua mente, que tal pegar mais uma extracurricular, fiquei sabendo que o clube de história geral está precisando de ajuda na feira da renascença, você sabe que esse baile seria ideal pra você se manter na frente das pesquisas. – Ele disse e agora quem riu foi Penny.
-Me deixa em paz. – Ela disse dando as costas pra ele. – E me faz um favor, avisa aos seus pais que eu odeio bolo de carne e que aquele purê de frutas cristalinas da sua mãe é nojento e ao contrário do que vocês pensam, sim ele engorda porque leva batata. – Ela rolou os olhos antes de suspirar aliviada. – Eu sempre quis dizer isso. – Ela riu. – Outra coisa e essa é pra você, para de cortar seu cabelo assim, parece uma cópia ridícula do Justin Bieber com topete e seu corte de cabelo não vai ser levado em conta na hora da entrevista pra faculdade. E caso você vá relatar isso pros meus pais avisa a eles que a filha perfeita foi embora, e que a partir de agora quem decide o meu futuro sou eu. Eu nunca quis fazer direito, eu sempre quis fazer relações internacionais, por isso que eu sou louca por história, geografia e línguas estrangeiras, ou vocês acham que eu precisava de tudo isso pra direito? – Ela riu. – O grêmio é ideal pro meu futuro sim, mas não por conta do direito e sim porque embaixadores precisam saber algo sobre liderança e tomada de decisões. – Completou.
-Você está irreconhecível. – Ele disse fazendo-a sorrir. Ela caminhou até ele e estendeu sua mão.
-Prazer, meu nome é Penny Marie Robinson, mas a verdadeira. – Ela disse antes de sorrir e correr até a porta de saída do auditório. Ela agora procurava por John em todos os lugares onde seus olhos alcançavam. Era difícil, tinha muita gente passando e querendo cumprimentá-la pelo debate, mas ela apenas queria passar por cima de todos e falar com ele. Quando ela passou pela porta do clube de artes, parou na frente do mesmo, mas antes de abrir a porta ouviu a voz de Spencer falando com John.
-Então vai mesmo desistir dela? – Spencer perguntou sorrindo torto.
-Se ela não me aceita dessa forma então chega de insistir. Não gosto de ficar dando murro em ponta de faca. – Ele sorriu.
-Então é oficial... – Spencer disse se sentando ao lado dele. – John Hill vai partir pra outra finalmente. – Ela riu fazendo-o rir também.
Escute Give your heart a break,glee.
-Estou conformado, na verdade to até começando a achar que não era exatamente ela que eu queria, tem tantas opções até melhores por aí. – Disse. Spencer estava atenta as palavras dele, assim como Penny que tinha lágrimas nos olhos agora. Burra. Pensou ela de si mesma. Demorou demais pra perceber que ele tinha razão, e agora ele tinha desistido dela. Antes de se mover ou fazer qualquer coisa ela voltou novamente seus ouvidos e sua atenção para aquela conversa.
-Por que você não me dá uma chance então? – Spencer riu enquanto John a encarava. – Posso te mostrar exatamente o que está procurando só que com menos confusões. – Completou.
-Foi exatamente o que eu pensei. – Ele disse fazendo os olhos de Penny se arregalarem. – Quer dizer, você sempre me deu essa hipótese e insistiu nisso, eu fui burro de não ter tentando, acho que foi essa droga de zona de conforto, mas é a minha melhor escolha. – John disse carinhoso fazendo Spencer sorrir.
-Isso alegra meus ouvidos. – Ela riu e ele também. – Você sabe que precisa dar essa chance, me dê essa credibilidade você merece isso, merece ter tudo isso que sente e expõe sendo reconhecido e correspondido, como você disse, chega de bater cabeça numa coisa que não vai dar certo. – Ela passou a mão no rosto dele apertando suas bochechas, o que o fez rir.
-Pois é, você tem razão e eu confesso que to curtindo a ideia. Estou oficialmente em outra agora. – Ele sorriu antes de se levantar e abraçar forte Spencer que acariciou suas costas. – Obrigado por fazer isso por mim, não imagina como é importante pra mim! – Ele sussurrou agora. Penny apenas secou as lágrimas e saiu caminhando do jeito mais silencioso que pôde. Não olhou pra trás, não voltou, não buscou entender, apenas queria ir embora.
-Vai ser importante pra mim também, acho ideal entrar na faculdade já conhecendo alguém, e sendo você vai ser divertido, faremos artes juntos. – Spencer deu uma piscadela marota pra ele.
-Pois é, eu já devia ter te ouvido mesmo, agora vejo isso claramente, a Columbia tem um programa incrível de artes. – Ele disse empolgado.
-Pode deixar que eu vou falar o mais rápido possível com esse amigo dos meus pais e ele com certeza virá na exposição de arte então temos que nos empenhar muito porque se ele gostar você estará dentro. – Ela sorriu.
-Você é incrível, Spencer, por que não te ouvi antes? – Ele riu.
-Você faz o estilo cabeça dura. – Ela riu também. – Agora eu tenho que ir, tenho um encontro, e não é com os livros. – Ela agora deixou uma gargalhada escapar contagiando ele. Sem se aproximar dele ela apenas lhe acenou e caminhou até a saída. Deixando-o ali sozinho.
No dia seguinte Duan adentrou cuidadosamente a casa de Harry. Tudo estava zoneado. Livros e revistas jogados pelo chão assim como algumas peças de roupa. A TV estava ligada num volume alto e a cozinha, particularmente estava de pernas pro ar. Cuidadosamente, Duan subiu as escadas para finalmente chegar diante do quarto de Harry onde o mesmo estava jogado sobre a cama, acordado, porém com uma expressão péssima.
-Hazz – Chamou Duan fazendo-o encará-lo.
-Não dormi a noite toda, briguei com a casa inteira porque queria ligar pra ela e me desculpar, dizer que a amo e que já estava com saudades. Eu tentei beber, mas bebi tanto que passei mal, então tentei comer uns doces, mas quase incendiei a cozinha porque entrei num transe vendo uma comédia romântica na TV e esqueci uma torta no forno. – Ele disse fazendo Duan sorrir de leve.
-Eu disse que se arrependeria. – Duan se encostou no batente da porta.
-Grande coisa, isso só piora tudo, antes eu fosse um canalha imbecil e não desse a mínima pra tudo isso. Não estaria sofrendo tanto. – Harry disse se levantando.
-Você está com um cheiro péssimo. – Duan comentou levando uma das mãos ao nariz para tapá-lo.
-Devo ter esquecido de mencionar que vomitei todo o meu banheiro. – Completou antes de soltar uma risada. – Eu sou bizarro mesmo. – Disse fazendo Duan rir.
-Giovanna te odeia. – Duan disse fazendo-o bufar.
-Eu sei, ela veio aqui e deixou isso bem claro, isso é uma merda porque a verdade é que um número enorme de pessoas me odeia agora. – Ele disse.
-Mamãe quer saber o que você fez, ela disse que há anos você e Giovanna não brigavam desse jeito a ponto dela dizer pra não te deixarem entrar no quarto dela. – Duan riu.
-Ela me delatou pra mamãe? – Harry franziu o cenho. – Ela quer me queimar mesmo. – Completou. – Você falou com a Dianna? – Perguntou.
-Ainda não. – Duan torceu os lábios. – Eu to criando coragem pra fazer isso pra ser sincero. – Completou.
-Preciso saber como ela está. – Harry disse coçando os olhos.
-Péssima. – Duan respondeu fazendo-o bufar. – Giovanna disse que ela chorou demais ontem e por isso que ela está tão irritada com você, porque viu o quanto ela está sofrendo. – Duan disse.
-Queria morrer. – Harry disse. – Causaria menos sofrimento pra ela. – Se jogou novamente na cama.
-Não tenho tanta certeza, você sabe que ela ama você, e eu tenho certeza de que ela não consegue te odiar nem mesmo depois disso tudo. – Ele sorriu.
-De que isso adianta, Duan? – Harry riu irônico. – Eu vou ter que olhar pra ela todos os dias nas aulas e tratá-la com indiferença, como se eu não a amasse, isso é torturante pra mim, eu não consigo nem imaginar em não chamá-la de meu amor e tocá-la e beijá-la. – Ele disse fazendo Duan suspirar.
-Você escolheu, Hazz, infelizmente vai ter que fazer isso agora. – Duan sorriu torto. – Eu tenho que ir agora, depois a gente se fala, irmão, qualquer coisa me ligue, eu quero ver se passo na Dianna ainda hoje e te digo tudo o que conversarmos. – Ele piscou pra Harry que sorriu torto.
-Obrigado, irmão. – Harry disse sorridente.
-Agora vê se vai tomar um banho e dá um jeito nessa casa. – Duan riu fazendo-o rir também. – Está deplorável. – Completou.
-Cale a boca! – Harry gritou quando Duan já estava do lado de fora do de seu quarto, descendo de forma barulhenta as escadas. Ele então se jogou novamente sobre a cama para encarar o vazio. Não conseguia ligar pro seu estado, tampouco para o da casa, só queria saber dela, só queria ter o poder de ler a mente dela, mas talvez em meio as circunstancias isso seria uma opção potencialmente ruim. Era difícil pensar que ela podia odiá-lo agora, mas ainda assim levaria isso adiante.