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              Capítulo 1

Welcome to High School

Seattle. Dona da maior população do estado de Washington, e maior região de todo o Noroeste Pacífico. Famosa por ser uma cidade portuária de importante comércio com a Ásia e por ser sede de grades empresas multinacionais. Além disso, Seattle é prestigiada por uma extensa área de florestas verdes, sendo chamada de Cidade da Esmeralda. Outros apelidos carinhosos lhe renderam história, como Queen City, nome utilizado desde 1869 até 1982. Cidade de grandes atrações turísticas, sendo o principal o Space Needle, uma torre construída em 1962 que possui um mirante que dá vista panorâmica da cidade de invernos rigorosos e verões extremamente secos e quentes. Seattle guarda histórias que não são apenas as suas próprias. O ar agradável da cidade pedia que ela fosse aproveitada em seus quatro cantos. Naquela manhã em especial, o clima quente daquele verão Agostino deixava uma paisagem um tanto convidativa para milhares de alunos que retornariam a suas atividades escolares naquela bela segunda-feira de ares frescos. Dentre uma das coisas que deixavam os habitantes de Seattle felizes a educação com certeza era uma delas. Conhecida por abrigar colégios de alta classe e de prestígio educacional Seattle era o praticamente o melhor local para se viver. Prova disso, era o maior colégio da região, o Seattle High School. O colégio se fazia o mais conhecido de todos, não apenas por sua bela aparência, e enorme reputação acadêmica, onde havia demasiados históricos de alunos brilhantes que agora estavam cursando nas melhores faculdades do país, mas também pelo seu enorme quadro de medalhas, troféus e honras em competições extracurriculares, como os campeonatos de futebol pelos Tigers de Seattle, as tão sonhadas Nacionais de Torcida, pelas Líderes de torcida, os Decátlos Acadêmicos, que portavam todas as competições na área tecnológica e de conhecimento, como matemática, xadrez, soletração  e outros, fora as enormes peças de teatros, campeonatos de luta livre e outros esportes, os quais a Seattle High School tinha honra de apresentar-se e fazer-se sempre a campeã. Estudar lá era um enorme peso para o histórico estudantil de qualquer aluno que sonhava com uma boa faculdade, e também para os que queriam acrescentar ainda mais peso a seu nome, mas acima de tudo, aquela escola era mantida pela dura sobrevivência do Ensino Médio.

 

-1, 2, 3, 4 no ar! - Bella berrou andando em frente às meninas que subiram nos meninos, ambos bem arrumados e passados em seus uniformes de líderes de torcida que além de possuírem as cores laranja e preto, levavam também o emblema do colégio, assim como uma garra de tigre bordada junto ao nome “Tigers”, a mascote oficial de todos os esportes do Seattle High School. -5, 6, 7, 8, pro chão e salto! – Ela agora passou olhando cada uma com toda a atenção que tinha, como se buscasse qualquer erro ou imperfeição. - Agora pirueta! –Ela ordenou num tom autoritário enquanto caminhava frente a elas com as mãos pousadas sobre sua cintura fina e assim todas a obedeceram, até ouvirem um baque violento no chão. Todos os olhares rapidamente se voltaram para Santana caída no chão com sua mão acariciando o tornozelo como se buscasse abafar a dor que sentia pelo tombo. Logo a música parou, assim como toda a equipe. Giovanna encarou a amiga e logo correu para seu lado de agachando perto da mesma e também levando uma das mãos ao seu tornozelo.

 

-Machucou? – Perguntou no tom mais carinhoso e preocupado que poderia.

 

-Não, eu só tropecei. Estou bem. – Santana lhe sorriu antes de se apoiar na mão de Giovanna e levantar rapidamente com um pouco de dificuldade. Nesse momento, Bella se aproximou com passos fortes e autoritários direcionando seus olhos para Santana que a encarava com uma expressão desgostosa.

 

-É dessa forma que pretende chegar as Nacionais? – Ela perguntou em seu timbre mais irônico, acompanhado de um sorriso falso. Santana não hesitou em rolar os olhos antes de se manifestar em autodefesa.

 

-Eu apenas tropecei. – Ela lhe lançou um sorriso tão debochado quanto, o que lhe era na verdade característico, e igualando quase que instantaneamente seu tom ao de Bella. O resto da equipe se mantinha em silencio, observando-as com atenção.

 

-Aposto que o júri não vai relevar tropeços. – Bella disse ainda arrogante.

 

-Bella, é o nosso primeiro treino depois das férias, dá um desconto. – Giovanna pediu suavemente, ainda ao lado de Santana que tinha os olhos raivosos focados na capitã. Aquelas palavras arrancaram uma risada ainda mais sarcástica de Bella que não demorou a se recompor.

 

-Olhem só. – Ela disse em pedido de atenção. – Se vocês não estão a fim de se esforçarem, se não querem vencer, podem sair. Eu não aceito perdedores no meu time e eu realmente não preciso de vocês. – Ela disse em alto e bom tom para toda a equipe que apenas a escutavam de cabeças baixas, como se tivessem medo dela, e realmente tinham. Santana ouvia aquelas palavras e sentia seu rosto queimar ainda mais, mas preferiu não comprar uma nova briga, coisa que era comum entre elas. Bella lançou olhares atentos para todos antes de se virar e caminhar novamente até o som ligando uma música de batida forte. – Do início! – Ela ordenou e logo todos se posicionaram novamente.

 

Belatrix Campbell, uma jovem de dezoito anos, se via - e era também considerada por muitos, como a rainha da escola, não somente pelos belos olhos azuis e cabelos negros que decoravam um belo rosto e curvas de um corpo esbelto, mas também por sua enorme capacidade de manipulação e pelo peso de seu sobrenome. Ela era filha do famoso empresário Henri Campbell e da ex-modelo agora dirigente da maior loja de roupas de Paris, Hilary Campbell. Bella, como assim era chamada, era capitã das líderes de torcida, e sua personalidade forte e um tanto grosseira, dirigia as Tigers as vitórias já tradicionais do colégio, mas Bella queria mais. Se sentia bem estando no topo, se sentia brilhante comandando o colégio, reinando.  Além de capitã da torcida, ela contava com seu corpo para manter as coisas da forma como queria, isso incluía, principalmente, Duan Young, o quarterback do time e seu atual namorado.

 

Duan sorria em meio as diversas brincadeiras com os amigos de time, Peter, Brandon e Joe. Seus olhos costumeiramente distraídos e brilhantes em meio a cada gargalhada encaravam os amigos enquanto ouvia suas histórias sempre tão cheias de graça, enquanto eles ficavam ali estacionados em frente ao armário de Brandon que pegava um livro para logo fechá-lo e nele mesmo se apoiar para continuar entoando a conversa com os amigos. Todos que passavam pelo local o cumprimentavam e da maneira mais empolgada e educada que conseguia ele respondia a todos.

 

-Agora me diz a verdade, não está mesmo com nenhuma das cheers? – Duan perguntou novamente a Brandon que riu frouxo.

 

-Não. – Ele falou pontual. - Eu estou sozinho. – Ele respondeu num tom leve.

 

-Isso é uma grande pena pra você, meu amigo, porque eu estou com todas elas. – Peter disse contagiando gargalhadas em todos os amigos. Peter Lewis era de longe o maior galinha de todo o colégio e se orgulhava muito de sua fama. Não era difícil para ele arrancar suspiros no colégio principalmente quando lançava olhares com seus olhos azuis e sorria de forma sedutora.  Mas logo lançou os olhos para Duan e Joe. – Menos com a de vocês, é claro. Mas as outras, elas simplesmente me amam. – Acrescentou.

 

-Não é isso o que elas dizem no vestiário, querido. – Belatrix disse chegando sorrateiramente e abraçando Duan que apenas sorriu junto aos outros. – Por que não está no treino? – Ela perguntou em seguida com um olhar repressivo para Duan.

 

-Olá pra você também, Bella. – Brandon disse com um olhar desafiador que ela fez questão de ignorar. Logo ela encarou Duan novamente esperando por sua resposta.

 

-Saímos mais cedo hoje, é o primeiro dia sabe como é. – Duan respondeu carinhoso antes de puxá-la para um beijo, mas ela rapidamente se esquivou se colocando na frente dele.

 

-Olha, Duan, você sabe que eu te amo, mas sinceramente, sabe que não pode ficar sem treino. Você tem tendência a engordar, e convenhamos, não fica bem que eu, uma Campbell e não ficaria nem um pouco bem para a minha imagem andar ao lado de uma bolota. -Ela disse fazendo careta. -Eu lutei muito pra estar aqui, por favor, tenha a gentileza de se manter em forma para estar ao meu lado. Até porque você já comeu o suficiente nas férias. -Ela disse com um sorriso quase angelical. Incrível o dom que ela tinha de juntar a arrogância com a sua beleza, o que a fazia ficar extremamente adorável pra ele. Todos continuaram em silêncio apenas encarando os dois enquanto Duan deixava um semblante incomodado tomar conta de seu rosto.

 

-Nossa... – Peter disse entre os dentes antes de rir contagiando os outros. Bella logo rolou os olhos e depositou um selinho nos lábios finos de Duan que ainda a encarava.

 

– Te vejo depois da aula. – Ela completou antes de sair caminhando pelo corredor cheio, onde todos iam abrindo caminho pra sua passagem.

 

-Vamos pra aula. – Duan disse seco, um tanto envergonhado na verdade, e começou a caminhar acompanhado dos três.

 

-Vamos, bolota. – Brincou Joe antes de todos rirem.

 

Duan era de longe o cara mais desejado do colégio. Esse fato se dava não apenas pelo belo par de olhos azuis em seu rosto fino, nem também por ser o capitão do time de futebol da escola. Duan era querido, amado e por muitos idolatrado, principalmente por sua simpatia e felicidade contagiantes. Ele nunca fez o estilo esnobe assim como Bella e Brandon, até mesmo porque não poderia. Há dois anos Duan era um rapaz baixo e acima do peso, motivo de piadas e completamente deslocado. Por longos anos ele se sentiu completamente mal pelo modo como era tratado, inclusive por Bella quando ela ainda era namorada de Brandon, por isso não tratava ninguém dessa forma. Quando Duan finalmente conseguiu emagrecer e virou capitão do time, Brandon não perdeu apenas sua vaga como quarterback, mas também sua namorada. Agora com a responsabilidade de ser namorado de Belatrix Campbell, Duan tinha que lidar com sua eterna cobrança para que ele jamais voltasse a ser aquele jovem que era antes. Verdadeiramente Duan não ligava pra isso, e apesar de se chatear com o modo rude como sua namorada abordava o assunto considerava-a adorável e a amava intensamente, o que o fazia suportar tudo aquilo.

Harry caminhava pelo corredor do que seria seu primeiro emprego após a faculdade. Suas mãos suavam segurando uma pequena pasta, e o colete e a gravata sobre a blusa social pareciam sufocá-lo durante um instante, mas ele logo respirou fundo ao se deparar com a porta enorme de madeira a sua frente com uma placa dourada escrita o nome do diretor do colégio, Robert Stuart. Ele balançou a cabeça como se dissesse a si mesmo que tudo daria certo. Depois de quatro anos na faculdade de química não imaginou que seria tão difícil enfrentar sua primeira entrevista de emprego, pelo menos não mais do que fazer soluções químicas e mexer com fluorantimônico, afinal, certamente o senhor Robert não poderia derreter sua mão caso fosse tocado, como seria com o ácido. Harry então levantou sua mão e bateu levemente a porta que em questão de poucos segundos se abriu para dar lugar a um senhor de aproximadamente quarenta e cinco anos, negro, com um belo terno marrom, óculos quadrados e um enorme bigode esbranquiçado.

 

-Harry Evans? – Ele perguntou já a sua espera.

 

-Sim, senhor. – Harry disse antes de abrir um sorriso um tanto empolgado. O Senhor logo lhe sorriu de volta e fez final para que Harry entrasse e ele assim o fez. Harry não pôde deixar de notar o escritório quase que luxuoso do diretor. Em tons laranja e marrom, simbolizando as cores do colégio, o escritório possuía belos móveis de madeira escura, e cadeiras confortáveis e aveludadas, sem contar os quadros de honras e placas de agradecimento espelhadas pelas paredes, assim como alguns objetos referentes à mascote do colégio, do qual o diretor parecia se orgulhar. Certamente os alunos até gostariam de serem mandados pra lá, talvez quisessem até dormir naquela cadeira tão confortável, coisa que constatou assim que se sentou em uma delas, ou talvez no enorme carpete também marrom que lotava o chão bem limpo. Sobre a mesa um notebook, arquivos e uma agenda. Na parede um enorme relógio, um armário de arquivos e um outro armário lotado dos mais diversos livros. -Vejo que gosta de ler. – Harry disse educadamente fazendo Robert sorrir.

 

-Sou formado em literatura. – Ele sorriu com a observação de Harry. – Me formei em pedagogia apenas alguns anos depois. – Explicou agora já remexendo seus papéis sobre a mesa e achando finalmente a ficha de Harry. -Vejo que se formou com honras em Cambridge. – Ele disse animado. – Também constatei uma ótima recomendação da família Young. – Disse.

 

-Eles são adoráveis. – Harry respondeu antes de sorrir.

 

-Não vou lhe enganar, senhor Evans, lecionar é um mundo difícil, principalmente para um recém-formado. – Disse.

 

-Eu imagino que sim, mas, sem querer ofender, eu acho que posso me sair bem, já estagiei antes em diferentes locais e sinceramente senhor, meu sonho sempre foi lecionar aqui. – Harry sorriu.

 

-Então sem mais delongas eu quero lhe parabenizar pelo seu ingresso no Seattle High School.  É impossível dispensar um currículo como este. - Ele sorriu agora estendendo a mão para Harry que pôde sentir-se vibrar de alegria.

 

-Obrigado pela confiança, senhor Robert, eu prometo não o decepcionar. – Harry já sentia sua voz mais confiante agora.

 

-Eu vou levá-lo até sua sala, professor, e depois o levarei para conhecer a escola e seus colegas de trabalho, vou pedir para a Andie imprimir seus horários em cada turma e lhe entrego até o fim do dia, mas lhe certifico que sua primeira turma é o último ano. – Tagarelou.

 

-Muito obrigado. – Harry disse sorridente.

 

-Boa sorte. – O diretor o cumprimentou novamente e em seguida caminharam lado a lado em direção a sala de aula.

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